Às nove horas da manhã de 25 de janeiro de 1954, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, arcebispo de São Paulo, preside a missa inaugural da Catedral Metropolitana de São Paulo, na praça da Sé. Na ocasião, lê uma mensagem de benção do Papa Pio XII.
Assim conta a cidade, o templo foi construído e destruído três vezes em menos de um século. Em 1591, o cacique Tibiriçá escolheu o terreno onde seria a primeira igreja da cidade. O edifício foi construído em taipa de pilão, isto é, com paredes feitas de barro e palha socados estruturados em toras.
Em 1745, a velha Sé, como era chamada, foi elevada à categoria de catedral. Por isso, neste mesmo ano, inicia-se a construção da segunda matriz da Sé no mesmo local da anterior. Ao lado dela, em meados do século XVIII, levanta-se a igreja de São Pedro da Pedra. Os templos foram demolidos em 1911 para dar espaço ao alargamento da Praça da Sé e, finalmente, à versal atual da catedral.
A Catedral da Sé é um dos mais importantes símbolos paulistanos. O fato de estar localizada no marco zero da cidade fez com que a praça e a igreja se tornassem um dos mais carismáticos locais da cidade, junto com o Mosteiro de São Bento, o Teatro Municipal e a Estação da Luz.
Houve muitas dificuldades para que a obra fosse concluída. Muito se falava nos jornais sobre a nova igreja que estava sendo erguida na antiga praça. Aliás, um local que sempre foi destinado a ser famoso. O largo da Sé foi criado no século XVIII. Ali existiram também a igreja de São Pedro, onde depois foi construída a Caixa Econômica Federal e a própria Igreja da Sé que ficava a uns 200 metros de onde seria a nova catedral. Essas igrejas foram demolidas, pois havia interesses para que a cidade tivesse uma igreja imponente e que se destacasse na arquitetura.
O projeto, em estilo gótico, foi do arquiteto Maximiliano Hehl e a construção iniciada em 1913. O material utilizado foi o granito, que é apontado como um dos motivos da demora da construção. O tamanho da igreja é de 112 metros de comprimento e 47 de largura. A construção tem vitrais italianos e capitéis, torres de 92 metros de altura, cúpula e capacidade para oito mil pessoas.
Especulava-se se a catedral ficaria pronta para as comemorações do quarto centenário de São Paulo, em 1954. Na verdade, ela foi inaugurada incompleta nessa data, sem as torres. Só ficou pronta em 1970. As obras foram tocadas por Alexandre Albuquerque até 1940 e, daí em diante, pelo engenheiro Anhaia Melo.
O altar-mor foi feito em mármore Carrara e as imagens em bronze. Sua cripta pode ser considerada uma verdadeira igreja subterrânea. Ali encontram-se trabalhos do escultor Francisco Leopoldo e o mausoléu em bronze do cacique Tibiriçá, chefe dos índios guaianazes, que acolheu os primeiros jesuítas no planalto de Piratininga e, com seu auxílio, possibilitou a fundação da cidade de São Paulo. Também lá estão os túmulos dos bispos da diocese de São Paulo e de Diego Antônio Feijó.
Uma das peças mais importantes da Catedral é o seu órgão. Quem já o escutou sabe da beleza de seus sons que encantam a atmosfera da igreja. Fabricado em 1954, o instrumento tem cinco teclados manuais, 329 comandos, 120 registros e 12 mil tubos, cujas bocas, de forma gótica, apresentam relevos entalhados à mão.
Nossa catedral é uma jóia que atualmente está sendo valorizada e restaurada. Afinal, ela deve ser preservada como o coração da nossa cidade.
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